28 de janeiro de 2013

Explicação da Epístola do Domingo da Septuagésima


I Cor IX 24-27; X 1-5.
Tendo-nos exortado à penitência no Introito da Missa, a Igreja deseja indicar-nos, pela leitura desta epístola, o esforço que nós devemos fazer para alcançar o reino dos céus pelo caminho estreito (Mat. VII 13) da penitência e mortificação. São Paulo ilustra isso com três exemplos distintos. Pelo exemplo daqueles que, numa corrida, correm para um ponto, ou, em uma competição, praticam e preparam-se para o prêmio do vencedor com os exercícios mais difíceis, e com a abstinência de tudo o que possa enfraquecer as suas forças físicas. Se, para ganhar uma coroa de louros, que perece, eles se sujeitam aos padecimentos e privações mais severos, quanto mais devemos nós, pelo bem da nossa coroa celeste de eterna felicidade, abster-nos desses desejos impróprios, pelos quais a alma se enfraquece, e praticar aquelas santas virtudes, como a oração, o amor de Deus e dos nossos irmãos, a paciência, às quais a coroa é prometida! Em seguida, pelo seu próprio exemplo, colocando-se diante deles como alguém que corre uma corrida, e luta por uma coroa eterna, não como alguém que corre cegamente sem saber aonde, ou que luta como alguém que não acerta o seu antagonista, mas o ar; pelo contrário, com os seus olhos firmemente fixos na coroa eterna, certo de ser daquele que vive pelos preceitos do evangelho, que reprime o seu espírito e o seu corpo como um valente campeão, com uma mão forte, isto é, pela mais severa mortificação, pelo jejum e pela oração. Se São Paulo, com todas as graças extraordinárias que recebeu, pensava ser necessário reprimir o seu corpo, para que ele não fosse rejeitado, como espera o pecador ser salvo, vivendo uma vida efeminada e luxuriosa, sem penitência e mortificação? O terceiro exemplo de São Paulo é o dos judeus, que pereceram todos na sua caminhada à Terra Prometida, mesmo tendo Deus dado-lhes tantas graças; Ele os escondeu dos seus inimigos com uma nuvem que lhes servia de luz à noite, e de sombra de refrigério pelo dia; Ele dividiu as águas do mar, preparando-lhes uma passagem seca; Ele fez cair maná do céu para ser sua comida, e fez jorrar água da rocha para sua bebida. Esses benefícios temporais que Deus manifestou para os judeus no deserto tinham um significado espiritual; a nuvem e a água eram uma figura do batismo, que ilumina a alma, amansa a concupiscência da carne e a purifica do pecado; o maná era uma figura do Santíssimo Sacramento do Altar, o verdadeiro pão da alma que vem do céu; a água da rocha, o sangue jorrando do lato de Cristo; e ainda com todos esses benefícios temporais que Deus lhes manifestou, e com todas as graças espirituais que eles receberiam pela fé no Redentor vindouro, dos seiscentos homens que deixaram o Egito, apenas dois, Josué e Caleb, entraram na Terra Prometida. Por quê? Porque eles eram inconstantes, murmuravam amiúde contra Deus, e desejavam os prazeres da carne. Quanto, pois, devemos temer ser excluídos da verdadeira terra feliz do Céu, se nós não nos esforçarmos continuamente para nela entrar, pela penitência e pela mortificação!
ASPIRAÇÃO: Ajudai-me, ó Jesus, com a Vossa graça, para que, seguindo o exemplo de São Paulo, eu possa ser desejoso, pela constante prática piedosa da virtude e da oração, de chegar à perfeição e entrar no céu.

Fonte: Rev. Fr. Leonard Goffine. The Church's Year. http://sanctamissa.org/en/spirituality/spirituality-of-the-liturgical-year/goffine-church-year/015-septuagesmia-sunday.pdf

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