I Cor IX 24-27; X 1-5.
Tendo-nos exortado à penitência no Introito da Missa, a
Igreja deseja indicar-nos, pela leitura desta epístola, o esforço que nós
devemos fazer para alcançar o reino dos céus pelo caminho estreito (Mat. VII
13) da penitência e mortificação. São Paulo ilustra isso com três exemplos
distintos. Pelo exemplo daqueles que, numa corrida, correm para um ponto, ou,
em uma competição, praticam e preparam-se para o prêmio do vencedor com os
exercícios mais difíceis, e com a abstinência de tudo o que possa enfraquecer
as suas forças físicas. Se, para ganhar uma coroa de louros, que perece, eles
se sujeitam aos padecimentos e privações mais severos, quanto mais devemos nós,
pelo bem da nossa coroa celeste de eterna felicidade, abster-nos desses desejos
impróprios, pelos quais a alma se enfraquece, e praticar aquelas santas
virtudes, como a oração, o amor de Deus e dos nossos irmãos, a paciência, às
quais a coroa é prometida! Em seguida, pelo seu próprio exemplo, colocando-se
diante deles como alguém que corre uma corrida, e luta por uma coroa eterna,
não como alguém que corre cegamente sem saber aonde, ou que luta como alguém
que não acerta o seu antagonista, mas o ar; pelo contrário, com os seus olhos
firmemente fixos na coroa eterna, certo de ser daquele que vive pelos preceitos
do evangelho, que reprime o seu espírito e o seu corpo como um valente campeão,
com uma mão forte, isto é, pela mais severa mortificação, pelo jejum e pela
oração. Se São Paulo, com todas as graças extraordinárias que recebeu, pensava
ser necessário reprimir o seu corpo, para que ele não fosse rejeitado, como
espera o pecador ser salvo, vivendo uma vida efeminada e luxuriosa, sem penitência
e mortificação? O terceiro exemplo de São Paulo é o dos judeus, que pereceram
todos na sua caminhada à Terra Prometida, mesmo tendo Deus dado-lhes tantas
graças; Ele os escondeu dos seus inimigos com uma nuvem que lhes servia de luz
à noite, e de sombra de refrigério pelo dia; Ele dividiu as águas do mar,
preparando-lhes uma passagem seca; Ele fez cair maná do céu para ser sua
comida, e fez jorrar água da rocha para sua bebida. Esses benefícios temporais
que Deus manifestou para os judeus no deserto tinham um significado espiritual;
a nuvem e a água eram uma figura do batismo, que ilumina a alma, amansa a
concupiscência da carne e a purifica do pecado; o maná era uma figura do
Santíssimo Sacramento do Altar, o verdadeiro pão da alma que vem do céu; a água
da rocha, o sangue jorrando do lato de Cristo; e ainda com todos esses
benefícios temporais que Deus lhes manifestou, e com todas as graças
espirituais que eles receberiam pela fé no Redentor vindouro, dos seiscentos
homens que deixaram o Egito, apenas dois, Josué e Caleb, entraram na Terra
Prometida. Por quê? Porque eles eram inconstantes, murmuravam amiúde contra
Deus, e desejavam os prazeres da carne. Quanto, pois, devemos temer ser
excluídos da verdadeira terra feliz do Céu, se nós não nos esforçarmos
continuamente para nela entrar, pela penitência e pela mortificação!
ASPIRAÇÃO: Ajudai-me, ó Jesus, com a Vossa graça, para que,
seguindo o exemplo de São Paulo, eu possa ser desejoso, pela constante prática
piedosa da virtude e da oração, de chegar à perfeição e entrar no céu.
Fonte: Rev. Fr. Leonard Goffine. The Church's Year. http://sanctamissa.org/en/spirituality/spirituality-of-the-liturgical-year/goffine-church-year/015-septuagesmia-sunday.pdf
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