28 de março de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

28 de Março

O Carvão e a Brasa

Ninguém melhor do que São João da Cruz falou das noites do sentido e do espírito. Uma comparação do grande Doutor nos ajuda a compreendê-las. Elas são provações do Amor Divino. O Amor Divino é fogo e o fogo acende, ilumina, purifica. Que faz na madeira o fogo material? Começa por secá-la violentamente e, enquanto seca, ela chora toda a seiva. Depois a enegrece, suja-a, fá-Ia exalar mau cheiro, extraindo assim e tornando visíveis todos os elementos grosseiros e ocultos que embaraçavam a sua ação. Ei-Ia, finalmente, inflamada, brilhante, luminosa e quente, convertida em brasa. O fogo transformou pois a madeira em fogo também. Não fica aí traçada uma bela imagem da contemplação amorosa?

Nosso Senhor, quando nos escolhe e chama à vida contemplativa, é o Fogo Divino que procura a madeira verde, cheia de impurezas e seiva de amor-próprio de nossa alma. E logo o fogo do Amor queima. Efeito: as provações. Ao queimar, seca a madeira e a faz chorar. Daí, a aridez espiritual, que tanto nos faz sofrer. Que secura e que deserto é então a pobre alma! Todas as nossas misérias exalam mau odor, aparecendo-nos em toda sua hediondez. E nos sentimos fracos, pobres, miseráveis, humilhados. Vem o desapego de tudo e de todos. Agora, purificada a madeira, o fogo a transforma em brasa vermelha e luminosa, isto é, em fogo.

Nas provações, almas piedosas, confiança! Lembrai-vos do carvão e da brasa.

Deixai que o fogo do Amor Divino vos devore e vos faça uma brasa viva de amor.

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

27 de março de 2022

Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face

Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face

Justiça e misericórdia

"Vejo também almas mais numerosas ainda que se afastarão de ti; como o filho pródigo, irão buscar a felicidade bem longe de seu Pai!... Como Madalena,  após terem te ofendido muito, elas te amarão muito... Quando essas almas buscarem teu Rosto,  já que virão se esconder no segredo de tua Face divina invocando teu nome bendito, digna-te, Jesus, por  um só de teus olhares, torná-las mais brilhantes do que as estrelas do céu!..."  (RP.2,7r)

"Compreendo, contudo, que todas as almas não podem se assemelhar, é preciso que haja diferentes famílias,  a fim  de honrar especialmente cada uma das perfeições do Bom Deus. A mim ele deu sua Misericórdia infinita e é,  através dela, que contemplo e adoro as outras perfeições  divinas!... Então, todas me parecem brilhantes de amor. A própria Justiça (e, talvez, ainda mais do que todas as outras) me parece revestida de amor... Que doce alegria pensar que o bom Deus é Justo, isto é, que Ele leva em conta nossas fraquezas, que Ele conhece, perfeitamente, a fragilidade de nossa natureza. De que, pois, eu teria medo? Ah, o Deus infinitamente justo, que se dignou perdoar com tanta bondade todas as faltas do filho pródigo, não deve ser Justo também comigo, que "estou sempre com Ele"?" (MA.83v-84r)

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

27 de Março

As Noites

Para a contemplação, exige Deus uma grande pureza de coração, um desapego total das criaturas e de nós mesmos. Ora, até as almas adiantadas na perfeição estão sujeitas a imperfeições e sentem renascer, embora atenuadas, as misérias dos vícios capitais. A fim de preparar essas almas fiéis e generosas ao mais alto grau de contemplação, Deus lhes envia provas, chamadas passivas, porque é Ele quem as produz, não tendo a alma senão que as aceitar pacientemente. Ninguém descreve melhor essas provações do que São João da Cruz, na sua “Noite Obscura”. Chama-se noite essa prova, porque a alma fica como que em trevas, sem poder discorrer ou meditar, e a luz da contemplação que recebe é tão fraca que dá a impressão de uma noite escura. O Santo distingue duas noites. A primeira nos desapega de todas as coisas sensíveis. Tira-nos a parte sensível da piedade. Deixa-nos num deserto de aridez, onde caminhamos penosamente, sob a ardência do sol de mil provações. É a noite dos sentidos. Desapega-nos do que é sensível. A segunda tira-nos até as consolações espirituais. É o entendimento nas trevas, a vontade na aridez, a memória sem lembranças, e as afeições perdidas na dor e na angústia. Ninguém pode fazer ideia desse martírio sem o experimentar. Que fazer? Contra ele só há estes remédios: a confiança, o abandono e coragem! Deus vos prepara grandes coisas! Amar a Deus na contemplação é ser milionário da graça. Consolai-vos, pobres almas. Dizei, como Santa Teresinha:

Pouco importa que não sinta o meu amor, contanto que seja sensível a Jesus!

Nas trevas dessas noites, fechai os olhos, deixai que ruja a tempestade. Confiança! Confiança! Abandono!

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

26 de março de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

26 de Março

Confiança Obstinada

Podem-se pôr limites ao que é infinito? Pois não é infinita a misericórdia Divina, não é um Oceano Infinito de Misericórdia? Se o Senhor é infinitamente justo, é também infinitamente Misericordioso. E, neste mundo, vivemos no tempo da Misericórdia. Abri o Evangelho. Tudo ali vos inspira confiança e enche o coração. Por que duvidar, se empenhamos da nossa parte todos os nossos esforços, porque desconfiar de um Pai tão bom e poderoso? Nosso Senhor é o Pai do filho pródigo, e o Bom Pastor. Por que nos deixou Ele, no Evangelho, parábolas tão belas, tão comovedoras? Não foi para a manifestação da Sua bondade infinita? Ah! Não compreendo as almas que têm medo de Deus! Como é doloroso e triste ao coração de um pai estender ao filho os braços cheios de ternura e se ver repelido! É preciso que confiemos. A medida da confiança é confiar sem medida. A confiança, somente ela nos leva ao Amor! O temor leva à justiça severa, tal como a representam os pecadores.

Mas não é essa justiça que Jesus terá para com os que O amam – escreve Santa Teresinha à irmã – nossa confiança é combatida obstinadamente pelo Inferno, porque ela é a vida, a salvação. À obstinação de Satã, oporemos a obstinação de nossa confiança. E seremos salvos!

Meu Jesus, ajudai-me a vencer-me, e dai-me esta confiança obstinada que arrebatava o vosso Coração!

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

25 de março de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

25 de Março

Sim! “Fiat!”

A mais bela palavra que disse Nossa Senhora foi o “Fiat”, o sim da Anunciação. E dessa palavra nos veio a Redenção, com Jesus, e Jesus Crucificado. Como é poderoso o Sim! Como ele opera maravilhas! O Anjo manifesta a Vontade do Altíssimo e Nossa Senhora, sem hesitar, responde:

Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Sua palavra.

E toda a vida de Maria foi um sim, um “fiat”, um ato de abandono perfeito, total, à Vontade do Pai Celeste. Anuncia-lhe Simeão a espada da dor. Responde, humilde: “fiat” – “Sim”. Vem o Pretório, a Cruz, o Calvário. “Sim”, sempre “sim”. Depois, a dolorosa saudade, a paz, a Ascensão, as amarguras do exílio… E Nossa Senhora diz sempre: “fiat”, “fiat”; sim, sempre sim, ó meu Deus! Não há mais perfeito modelo de abandono. Se o abandono é a expressão mais alta do amor, é o auge da perfeição possível neste mundo, o que não era o abandono de Nossa Senhora, sendo Ela a Rainha dos Serafins? Não há dúvida, a mais bela palavra de Nossa Senhora foi o “sim”, o “fiat” da Anunciação. Sem esse “fiat”, que seria de nós? Nossa perfeição também virá do “sim”, do “fiat”, que soubermos dizer a Nosso Senhor a cada passo de nossa vida e, principalmente, no sofrimento.

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

24 de março de 2022

Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face

 

A bolinha do Menino Jesus

"Desde algum tempo, eu me oferecera ao Menino Jesus para ser seu brinquedinho, dissera-lhe para não se servir de mim como de um brinquedo de valor, que as crianças se contentam em olhar sem ousar tocá-lo, mas como de uma bolinha sem nenhum valor que podia jogar no chão, pisar com o pé, furar, deixar em um canto ou, então, apertar sobre seu coração se isso lhe desse prazer..." (MA.64r)

"Em Roma, Jesus furou seu brinquedinho. Ele queria ver o que havia dentro e, depois que o viu, contente com sua descoberta, deixou cair sua bolinha e adormeceu... Que fez ele durante seu doce sono e que aconteceu com a bolinha abandonada?... Jesus sonhou que se divertia ainda com seu brinquedo, ora o deixando, ora o pegando e, depois que o tinha jogado bem longe, ele o apertava sobre seu coração, não permitindo mais que ele se distanciasse de sua mãozinha... A senhora compreende quanto a bolinha estava triste em se vendo no chão!... Contudo, eu não cessava de esperar contra a esperança." (MA.64v)

"Ele deixou no chão sua bolinha, sem mesmo lançar para ela um olhar..." (MA.67v)

"É preciso que seja o Menino Jesus que prepare tudo, para que sua bolinha role para onde ele quer." (CT.34)

"Eu sou a bolinha do Menino Jesus; se ele quiser quebrar seu brinquedo ele é livre; sim, quero tudo que ele quiser." (CT.36)

"Peça a Jesus que eu seja bem generosa durante meu retiro, ele me criva de picadas de alfinetes, a pobre bolinha não pode mais,  de todas as partes ela tem preguinhos, que a fazem sofrer mais do que se ela tivesse um grande!..." (CT.74)

"Eu lhe dizia que as crianças não sabem o que querem. Jesus age assim com sua bolinha... Eu sei bem por que, é que só ele é fascinante em toda a força do termo, ele quer mostrar à sua bolinha que ela se enganaria se buscasse em outro lugar uma sombra de beleza que tomaria pela própria beleza!..." (CT.76)

"O cordeiro se engana crendo que o brinquedo de Jesus não está nas trevas; ele está mergulhado nelas." (CT.78)

"O brinquedo de Jesus é a própria fraqueza, se Jesus não o carrega, ou não joga ele mesmo sua bolinha, ela ficará lá inerte, no mesmo lugar!..." (CT.79)

"Você se lembra, talvez, que antigamente eu gostava de me chamar 'brinquedinho de Jesus', agora, ainda fico feliz por sê-lo, somente que pensei que o divino Menino tinha muitas outras almas, cheias de virtudes sublimes, que se diziam 'seus brinquedos', então pensei que elas eram seus belos brinquedos e que minha pobre alma era apenas um brinquedinho sem valor... para me consolar, disse para mim mesma que, muitas vezes as crianças têm mais prazer com seus brinquedinhos que eles podem deixar ou pegar, quebrar ou beijar segundo suas fantasias, do que com outros de um valor muito maior, que eles quase não ousam  tocar." (CT.176)

"Quer ser nesta terra
O brinquedo do Menino divino?...
Minha irmã, deseja agradar-lhe
Fique na sua mãozinha.

Se o amável Menino a acaricia,
Se ele a aproxima do seu coração,
E  se, por vezes, ele a deixa,
De tudo faça sua felicidade.

Procure sempre seus caprichos
Você encantará os olhos divinos.
A partir de agora todas suas delícias
Serão seus desejos infantis..." (RP  5,12)

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

24 de Março

A Bolinha do Menino Jesus

Que faz uma criança quando ganha uma bolinha nova e graciosa? Alegra-se, toma-a, cheia de carinho, sorri, feliz brinca com seu pequenino tesouro. Depois, atira-a para um canto, onde fica muito tempo esquecida. Um belo dia toma de novo a sua bolinha e com ela brinca e se diverte. E, quando dela se farta, se encontra um alfinete, fura-a toda e acaba por despedaçá-la, curiosa. Fica assim o destino da bolinha sujeito aos caprichos da criança!

Santa Teresinha, no seu adorável espírito infantil, acha isso uma das mais belas imagens da vida espiritual. A alma, como a bolinha, se faz o brinquedo do Menino Jesus.

Eu sou a bolinha do Menino Jesus – dizia a Santa da confiança e do abandono – que Ele faça de mim o que quiser. Brinque à vontade com a sua bolinha. Se me quiser atirar a um canto, abandonada, serei feliz, contanto que Ele o queira. Eu me ofereço ao Menino Jesus para ser o seu brinquedo, uma bolinha que Ele pode pisar, ferir, atirar ao canto ou apertar contra o coração. Enfim, eu quisera divertir o Menino Jesus e entregar-me aos seus caprichos infantis.

Como isso é belo e heroico! Não quereis também, a exemplo de Santa Teresinha, ser a bolinha do Menino Jesus?

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

Live - Como acolitar em Missas Tridentinas - Pelo Instagram associacaosaopiov (Associação de Fiéis São Pio V)