31 de agosto de 2013

Confiança! - Pe. Thomas de Saint Laurent - 11

O Livro da Confiança

Pe. Thomas de Saint Laurent


Capítulo III - A Confiança em Deus e as necessidades temporais

I - Deus provê às nossas necessidades temporais

A confiança, já o dissemos, é uma esperança heróica; não difere da esperança comum a todos os fiéis senão pelo seu grau de perfeição. Ela é, pois, exercida sobre os mesmos objetos que aquela virtude, mas por meio de atos mais intensos e vibrantes.

Como a esperança ordinária, a confiança espera do Pai Celeste todos os socorros que são necessários para se viver santamente aqui na terra e merecer a bem-aventurança do Paraíso.
Ela espera, primeiramente, os bens temporais na medida em que estes nos podem conduzir ao fim último.
Nada mais lógico: não podemos ir à conquista do Céu à maneira dos puros espíritos; somos compostos de corpo e de alma. Este corpo que o Criador formou pelas suas mãos adoráveis é o companheiro inseparável da nossa existência terrestre; e sê-lo-á ainda da nossa sorte eterna depois da ressurreição geral. Não podemos prescindir da sua assistência na luta pela conquista da vida bem-aventurada.
Ora, para sustentar-se, para cumprir plenamente a sua tarefa, o corpo tem múltiplas exigências. Essas exigências, é preciso que a Providência as satisfaça; e ela fá-lo magnificamente.
Deus encarrega-se de prover às nossas necessidades temporais; cuida delas generosamente. Segue-nos com olhar vigilante e não nos deixa na indigência. Perante as dificuldades materiais mais angustiantes, não nos devemos perturbar. Com uma certeza serena esperemos das mãos divinas o que é preciso para o sustento da nossa vida.
“Eu vos digo, declara o Salvador, não vos inquieteis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer ou de beber, nem quanto ao vosso corpo com o que haveis de vestir. Porventura não é o corpo mais do que o vestido e a vida mais do que o alimento? Olhai para as aves do céu: Não semeiam, nem ceifam, nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai Celeste alimenta-as. Não valeis vós mais do que elas?...
“Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo! Não trabalham nem fiam. Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?
“Não vos preocupeis, dizendo: Que comeremos nós, que beberemos, ou que vestiremos? Os pagãos, esses sim, afadigam-se com tais coisas; porém, o vosso Pai Celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso.
“Procurai pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo” (33).
Não basta passar os olhos de relance sobre este discurso de Nosso Senhor. Importa que nele fixemos longamente a atenção, para procurarmos o seu significado profundo e nos deixarmos embeber pela sua doutrina.
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33 ) Mt. 6, 25-26 e 28-33.

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