27 de junho de 2016

[Sermão] O culto cristocêntrico FESTA DE CORPUS CHRISTI

O Culto Cristocêntrico Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
A Festa de Corpus Christi, do Corpo de Cristo, foi instituída para a Igreja universal pelo Papa em 1264, há 750 anos. Essa festa foi consequência natural da devoção cada vez maior à Santa Missa e à Eucaristia, bem como uma resposta adequada da Igreja a muitas heresias contrárias à presença real de Cristo na Eucaristia que surgiam, como a heresia de Berengário de Tours e dos cátaros. Ajudou também na universalização da Festa de Corpus Christi o milagre Eucarístico de Bolsena. É tal a importância da Eucaristia que a Festa de Corpus Christi – do Corpo de Cristo – tornou-se uma Festa de Preceito.
Hoje, honra à Eucaristia, sacramento e sacrifício.  A Eucaristia é o centro do mundo, caros católicos, pois nela está o próprio Deus, nela está Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, em corpo, alma, sangue e divindade. Nela está Nosso Redentor, Nosso Salvador, não simbolicamente, mas realmente e substancialmente presente, para se entregar a nós como alimento da nossa alma, mas também para, durante a Missa, renovar seu Sacrifício oferecido à Santíssima Trindade na Cruz do Calvário. Na Cruz, Cristo alcançou nossa redenção e méritos infinitos. Pela Missa, Ele nos aplica a sua redenção e seus méritos. É pela Missa que o sangue de Cristo nos é dado. É pela Missa, enfim, que nos vêm todas as graças. É pela Missa que podemos adorar perfeitamente a Deus, reconhecendo seu soberano domínio sobre nós e nos submetendo a Ele. É pela Missa que podemos pedir perdão a Deus, oferecendo a satisfação feita por Cristo, e é pela Missa que nos vem a graça do arrependimento, que nos leva a buscar a confissão. É pela Missa que podemos agradecer devidamente a Deus, oferecendo-lhe o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor. É pela Missa que podemos nos aproximar da divina majestade com confiança para pedir as graças de que precisamos, para suportar as cruzes, as doenças, nossas misérias, para progredir na virtude com alegria. E podemos pedir essas graças com grande confiança porque oferecemos à Santíssima Trindade os méritos infinitos de Cristo e não os nossos. Sim, caros católicos, é pela Missa que nos vêm todas as graças, todos os bens. Não é à toa que a Igreja obriga sob pena de pecado mortal a assistência à Missa aos Domingos e nos dias de Festa.
A vida do cristão deve, então, se ordenar e se desenvolver em torno da Eucaristia e em torno da Santa Missa, pois – não tenhamos medo de repetir constantemente – na Eucaristia está o próprio Deus Encarnado e na Santa Missa se renova o Sacrifício de Cristo. A Eucaristia é o centro do mundo. É Cristo o centro do qual nos vêm todos os bens e para o qual todas as coisas devem se dirigir. A sociedade deve ser Cristocêntrica, baseando-se em Cristo e dirigindo-se para Cristo. É evidente, porém, que para termos uma sociedade com uma cultura cristocêntrica, precisamos de um culto que seja cristocêntrico. A cultura de uma sociedade, a mentalidade de uma sociedade é determinada, em alto grau, pelo culto da religião predominante. Aquilo que o culto expressa será refletido na sociedade. Assim, nossa sociedade será delineada pelo culto que se presta a Deus na liturgia, que é o culto oficial da Igreja. Mais particularmente, nossa sociedade será delineada pela liturgia da Missa. Se temos uma liturgia que nos mostra sem ambiguidades nossa fé, que abunda em atos de adoração a Jesus Sacramentado, que nos enche de reverência e que mostra nossa pequenez diante da majestade divina, que coloca Cristo no centro em todos os seus atos, teremos aí uma liturgia que irá renovar a face da terra. Se temos um culto que reconhece e expressa perfeitamente a verdade da presença real de Cristo, em corpo, sangue, alma e divindade, teremos uma sociedade que reconhecerá a existência de Deus e que agirá em consequência. Se temos uma liturgia que exprime abertamente que a Missa é a renovação do sacrifício de Cristo, teremos uma sociedade pronta para sofrer, para fazer sacrifícios por Deus. Se temos uma liturgia que fala constantemente das verdades sobrenaturais – como o céu, o inferno, o pecado, a virtude, a fé, a caridade, a Santíssima Trindade, a graça, etc. – teremos uma sociedade que se preocupa com a vida sobrenatural.  E aqui a importância, caros católicos, da liturgia tradicional, que tanto devemos amar. O Cardeal Pie, grande defensor, no século XIX, da realeza social de Nosso Senhor Jesus Cristo, afirmava que a “questão social será resolvida pela questão religiosa e que a questão religiosa diz respeito sobretudo à questão do culto.” Podemos acrescentar: a questão do culto diz respeito sobretudo à questão da Missa.
Nós devemos amar essa liturgia romana tradicional porque nela está expressa claramente, limpidamente, sem medo, as verdades de nossa fé, a começar pela presença real de Cristo, em corpo, sangue, alma e divindade nas espécies consagradas. Isso está expresso pelas orações, pelas genuflexões antes e depois de o padre tocar nas espécies consagradas, pelas reverências, pelas inclinações, pelos inúmeros gestos do rito, pelos dedos mantidos juntos após a consagração, pelo rito de ablução. Nós devemos amar essa liturgia porque ela está centrada em Deus, e se dirige a nós somente para nos levar até Ele e ao próximo por amor a Ele. Devemos amá-la porque ela nos mostra a reverência e o respeito que devemos ter com as coisas sagradas. Devemos amá-la porque ela nos fala das coisas sobrenaturais. Devemos amá-la porque ela renova explicitamente o sacrifício de Cristo e nos impulsiona a nos sacrificarmos por Ele. Devemos amá-la porque ela nos faz dobrar os joelhos diante de Deus, nos faz reconhecer seu soberano domínio e faz com que queiramos nos submeter a Ele. Devemos amá-la porque foi o próprio Deus que formou essa liturgia ao longo dos séculos, desde os apóstolos. Devemos amá-la porque ela não saiu da mão dos homens. Devemos amá-la porque ela coloca Cristo no centro. Sua preocupação não é agradar aos homens ou às idéias do momento presente. Sua preocupação é unicamente Deus e a nossa alma. Devemos amá-la porque suas músicas elevam a nossa alma a Deus, em vez de simplesmente satisfazer nossa sensibilidade. Não se trata, então, caros católicos, de amá-la porque agrada mais à nossa sensibilidade, simplesmente. Trata-se de amá-la por reconhecer nela todos esses benefícios sem medida, que nos convertem a Deus e que vão restaurar a sociedade em Cristo. Tal culto, eminentemente cristocêntrico, restaura a nossa alma em Cristo e pode restaurar a nossa sociedade em Cristo. Não há, na Cristandade, um rito tão venerável quanto o nosso, dizia Adrian Fortescue, renomado liturgista. Esse rito é a coisa mais bela deste lado do céu, dizia o Padre Faber.
A Eucaristia é o centro do mundo. Ela dever ser reconhecida e cultuada como tal, na Missa, em primeiro lugar. É por ela como sacramento e como sacrifício que nos vêm todas as graças. Pela liturgia tradicional, podemos nos dispor para receber em abundância essas graças. Cumpre hoje honrar o melhor que podemos Nosso Senhor Eucarístico, em ação de graças e pedindo a propagação da liturgia tradicional.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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