15 de maio de 2015

Comungai Bem. Padre Luiz Chiavarino.

QUEM SÃO?

D. — Diga-me, Padre, quem são os que tão cruelmente atraiçoam a Jesus Cristo?
M. — São, em geral, os que vivem com maus companheiros, os que leem maus livros, e todos os que se acham dominados pelos vícios e se confessam mal.
D. — Logo, o mesmo que na confissão: sempre o demônio mudo, ou seja, a impureza?
M. — Isso mesmo, precisamente. Estamos sempre no mesmo assunto, pois que o demônio da impureza é o que sempre conduz as almas às piores consequências.
Os desonestos vivem obcecados por suas baixas paixões. Não veem mais a presença de Deus, não dão ouvidos às admoestações; não escutam a voz divina que amorosamente os convida ao perdão; não se envergam de sua de sua torpe e desgraçada situação; unicamente procuram a maneira de se ocultarem, de burlarem a presença divina, assim como as crianças burlam a vigilância materna e os ladrões, a da justiça. Pior ainda, porque os sacrílegos se servem da Comunhão para enganar a si mesmos e aos outros.
Os desonestos vivem obcecados por suas baixas paixões
D. — Miseráveis, que remorsos não terão?!
M. — Remorsos horrorosos experimentam aqueles que pouco a pouco se habituam em tal estado; passam os dias com a esperança frustrada, pois eles mesmos consideram-se sem forças para surgir de tão deplorável estado.
D. — E então, que acontece?
M. — Então? Pertencem ao número dos desgraçados que vão cavando dia por dia, cada vez mais funda a própria sepultura, na expectativa de uma morte péssima e de um juízo pior ainda. Eu mesmo assisti à morte de alguns desses coitados que até a hora da morte continuam a dizer: — Não tenho nada para confessar... nada para dizer — e aparentemente morriam tranquilos, mas lá por dentro, quanto horror! Quanta miséria!

D. — Padre, por que não se convertem nem sequer naquele momento derradeiro?
M. — Porque sentem o abandono de Deus e se julgam indignos de receber o seu perdão. O pecado que ocultaram e guardaram com tanta vileza durante toda a vida sempre que se aproximavam para comungar sacrilegamente, na hora da morte apresenta-se diante deles a pedir vingança, e então, oprimidos por tanta covardia, não conseguem implorar a misericórdia divina, e nem sequer chegam a lançar um olhar de arrependimento ao Crucifixo ou pronunciar uma jaculatoriazinha à Virgem Santíssima, refúgio dos pecadores. Invés, desesperados entregam-se àquele demônio a quem serviram durante a vida, pensando talvez de poder também na eternidade ocultar o próprio estado de consciência.
A impureza, seu ídolo perene, seu deus, cega-os e endurece-lhes o coração de tal modo que não veem e nem se preocupam de outra coisa.
D. — Todavia Padre, diga-me, por favor: se eles se arrependessem procurassem emendar-se, conseguiriam o perdão de Deus?
M. — É claro que Deus os perdoaria, e com que generosidade! Jesus é sempre o Bom Pastor, o Pai mais bondoso. Acaso não diz o Evangelho que se faz grande festa no céu quando um pecador se converte?
Eles desesperados entregam-se àquele demônio a quem serviram durante a vida...
* * *
Ouça isto: Certo dia um pagãozinho, ao ouvir o catequista explicar que Judas se enforcou logo após haver traído o Mestre divino, saiu-se com esta:

— Padre, Judas fez muito mal agindo assim; eu teria feito outra coisa.
— Que terias feito?
— Pois, eu, invés de procurar o galho de uma árvore, teria ido procurar a Jesus para pedir-lhe perdão. Ele me teria perdoado e pronto.
D. — Que bonito! Aquele menino sabia certamente, muito mais que tantos pobres pecadores.
M. — Certo que sabia, pois ainda não conhecia o demônio da impureza, único empecilho para as boas resoluções e os propósitos generosos.
D. — Então, a impureza é terrível?
M. — Terribilíssima! E ai daquele que cai em suas garras.
É uma verdadeira solitária que apenas acabou de comer e já tem mais fome do que antes; é uma febre maligna que mais crucia ao que mais bebe. Ai de quem se deixa dominar por ela! É preciso combatê-la desde o princípio, como fizeram os santos.
* * *
De São Francisco de Sales, conta-se que escarrou no rosto de uma mulher que ousou tentá-lo. Santo Tomás com um tição em brasa afugentou a infeliz que queria perdê-lo. São Bento, para dominar os ardores da concupiscência rolava sobre espinhos. São Pedro de Alcântara atirava-se num tanque de água gelada; outros santos açoitavam-se até derramar sangue, mortificavam-se com prolongados jejuns, traziam sempre cilícios no corpo, tudo para vencer a impureza e triunfar dela.
D. — Se todos fizessem assim, quantos pecados a menos, quantos sacrilégios evitados!

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