17 de dezembro de 2015

Sermão para o 2º Domingo do Advento 05.12.2015 – Padre Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] O cumprimento das profecias – Parte I


Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
São João Batista estava no cárcere, quando enviou dois de seus discípulos a Cristo, para perguntar-lhe se era Ele o que deveria vir ou se deviam esperar um outro. São João estava no cárcere por defender o matrimônio, por denunciar Herodes pelo gravíssimo pecado de ter casado com a mulher de seu irmão. Estava João Batista preso e ciente de que sua missão chegava ao fim: ele já tinha apontado Jesus como o cordeiro de Deus, como o Messias. Essa foi a sua missão principal durante toda a sua vida, desde a visitação de Maria a Santa Isabel, quando ainda no ventre de sua mãe, Santa Isabel, João Batista reconheceu Jesus no seio de Maria.
Já preso, São João Batista sabia que era chegada a hora de diminuir para que Jesus crescesse. Reconhecendo-se apenas como o amigo do noivo, era preciso que ele deixasse a cena. Todavia, alguns de seus discípulos, levados provavelmente por inveja de Cristo e dos discípulos dele, resistiam em reconhecer Jesus como o Messias e em segui-lo. São João Batista envia, então, dois de seus discípulos para que perguntem a Jesus se Ele é o que há de vir, quer dizer, se Ele é o Messias ou se devem esperar um outro. João Batista os envia para que possam obter a resposta diretamente e possam reconhecer Cristo como Messias. São João Batista não duvidou nem hesitou em momento algum que Cristo fosse o Messias. Manda seus discípulos fazerem a pergunta a Nosso Senhor por caridade para com eles, para que se tornem logo seguidores do Salvador.
Diante da pergunta feita pelos seguidores de São João Batista, Nosso Senhor Jesus Cristo responde dizendo: “Ide, e contai a João o que estais a ouvir e a ver: Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e a Boa Nova é anunciada aos pobres.” Nosso Senhor diz, então, que as profecias do Antigo Testamento que falam do Messias estão sendo cumpridas por Ele e nEle. Efetivamente, e nem poderia ser diferente, Nosso Senhor Jesus Cristo cumpriu todas as profecias. Ele é aquele que havia de vir.
Interessa, então conhecer algumas dessas profecias que Nosso Senhor cumpriu perfeitamente com a sua vinda. Segundo as profecias, o Messias deveria pertencer ao gênero humano, da descendência da mulher (Gen. 3, 15). Ele seria descendente de Abraão, Isaac e Jacó (Gen. 22, 18; 26, 4; 28, 14; Num. 24, 17-19). As genealogias de Jesus, em São Mateus e São Lucas, mostram que Ele pertence ao gênero humano e que é descendente desses três patriarcas. O Salvador deveria pertencer à tribo de Judá (Gen. 49, 8-10) e à família de Davi (2Reis 8, 12-16; Salmo 88, 36-38; Isaías 11, 1-2). A genealogia de Cristo mostra também que Jesus era da tribo de Judá e da família de Davi e é por causa disso que a Sagrada Família teve que se dirigir a Belém, na Judéia, para o recenseamento decretado por César (Lc. 4, 5).
As profecias anunciavam também um precursor. Em Malaquias (Mal. 3, 1) Deus diz: “Vou mandar um mensageiro para preparar o meu caminho. E imediatamente virá ao seu templo o Senhor que buscais.” São João Batista foi aquele que preparou o caminho do Senhor e o Senhor esteve várias vezes no Templo, a começar pela sua apresentação no Templo, 40 dias após seus nascimento. Foi profetizado por Miquéias (Miq 5, 2) que o Messias deveria nascer em Belém de Judá e que nasceria de uma Virgem, conforme Isaías (7, 14), que diz que uma virgem conceberá e que dará à luz um filho, que se chamará Emanuel, Deus conosco. Essa mesma profecia, além de outras, mostra que o Messias seria não só homem, mas também Deus. Também Isaías diz que um menino nos nasceu, que um filho nos foi dado e que Ele se chama Deus forte. Nosso Senhor nasceu em Belém, da sempre virgem Maria e afirmou e demonstrou a sua humanidade e a sua divindade inúmeras vezes.
As profecias diziam que reis viriam adorá-lo e que Lhe seriam entregues ouro e incenso (Is. 60, 1-6). Assim ocorreu com os reis Magos que trouxeram ouro, incenso e mirra para o Menino Jesus. Foi anunciado, ainda, que Ele fugiria para o Egito e voltaria depois e que haveria um massacre de crianças. Oséias (11,1) diz que Deus chamará o seu Filho do Egito. Jeremias diz que Raquel chora seus filhos, quer dizer, que os judeus choram seus filhos assassinados. A Sagrada Família teve que fugir para o Egito enquanto Herodes matava cruelmente toda criança abaixo de dois anos em Belém e arredores.
Isaías (9, 1-2, ver Vulgata) diz que o Messias começaria a sua pregação na Galiléia. E São Lucas deixa claro que todos reconheciam que Cristo efetivamente tinha começado a sua pregação na Galiléia. Assim, os judeus dirão a Pilatos sobre o Salvador: Ele subleva o povo com a doutrina que vai ensinando por toda a Judéia, desde a Galiléia, onde começou, até aqui. Evidentemente, Nosso Senhor não sublevava o povo, mas o dirigia para a salvação. Também Isaías (61, 1-2) diz que o Messias pregaria aos humildes, pobres e aflitos. Nosso Senhor faz menção a essa profecia no Evangelho de hoje, para mostrar aos discípulos que Ele é o Messias. Mais uma vez Isaías diz que o Salvador fará milagres: abrir-se-ão os olhos dos cegos, os surdos ouvirão, os coxos andarão, o mudo falará. É a outra profecia que NS menciona no Evangelho de hoje. O Messias deveria fazer muitos milagres para confirmar a origem divina de sua Missão. Nosso Senhor os fez.
Poderíamos, caros católicos, estender longamente essa lista de profecias, perpassando vários pontos da vida de Cristo anunciados pelos profetas no Antigo Testamento. Profecias que falam de detalhes de sua paixão e morte, que anunciam a sua ressurreição. Profecias que falam das qualidades do Messias como mediador, sacerdote, rei. Profecias que falam de seu reino, que é a Igreja Católica. Veremos essas profecias no tempo litúrgico oportuno.
Diante das profecias tão perfeitamente cumpridas por Cristo e em Cristo, nos é forçoso concluir que Ele é aquele que havia de vir, aquele esperado por todo o gênero humano desde a queda de Adão e Eva, dos quais somos todos descendentes. É Ele o esperado por milhares de anos para nos tirar das trevas do pecado, para nos reconciliar com Deus. É Ele o filho de Deus feito homem, que vem ao mundo para nos salvar, ensinando-nos a verdade e sofrendo. Nosso Senhor Jesus Cristo pode ser para nós pedra de tropeço e motivo de escândalo, se recusamos seus ensinamentos e se recusamos aderir à redenção que Ele operou. E quão irracional seria não aderir a Nosso Senhor quando abundam em quantidade e qualidade as provas da origem divina de missão divina e as provas de sua divindade. Ou Nosso Senhor Jesus Cristo pode ser para nós a pedra angular, a partir da qual podemos alcançar a felicidade eterna no céu. É Ele o caminho, a verdade e a vida.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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