1 de dezembro de 2015

Casamento e Família - Dom tihamer Toth.

Conferência VII

A PRÓPRIA IDEIA DE CASAMENTO EXIGE A MONOGAMIA.

Parte 2/5

A primeira tese de hoje é a seguinte: "só a monogamia, isto é, a união indissolúvel de um homem e de uma mulher, pode constituir a forma matrimonial digna da humanidade". Portanto, nem a poligamia e nem a poliandria são autorizadas,
Bem sei que é preciso demonstrar esta tese com provas sólidas, pois dificilmente encontramos no mundo uma tese que tenha sido tão forte e superficialmente atacada, como esta verdade. Quem quer que saiba apenas ler e escrever crê-se autorizado a apresentar, a respeito do matrimônio, os mais fantasiosos planos de reforma.
"A monogamia é, hoje, uma coisa antiquada, dizem eles; não pode ser esta eternamente a forma do matrimônio. Hoje a organização econômica da humanidade é bem outra, é preciso adaptar-lhe a forma do matrimônio..."
Eis, mais ou menos, a essência dos projetos de reforma, esparsos à direita e à esquerda, e que, infelizmente, seduzem com bastante facilidade a muitos homens.
É preciso, contudo, examinar mais profundamente esta questão, e veremos que a monogamia não é uma invenção arbitrária da humanidade, que se possa modificar ou suprimir. Não! Não se pode suprimir a monogamia, porque é um mandamento formal de Deus, não se pode mais suprimi-lo, porque é um elemento indispensável da verdadeira civilização da humanidade.
A - O casamento de um só homem, com uma só mulher, é realmente a forma mais antiga do casamento, e deve sua existência à vontade do próprio Criador, e disto não duvidará quem conhece a Escritura Sagrada (Gn 2, 24; Mt 19, 5; Mc 10, 8; 1 Cor 6, 16; Ef 5, 31).
Conforme os Livros Santos, Deus criou um só homem e uma só mulher e estabeleceu entre eles o primeiro matrimônio. Desde sua origem, pois, existia o matrimônio entre um só homem e uma só mulher, isto é, era monógamo.
Este ensinamento da Sagrada Escritura esta perfeitamente confirmado pelas descobertas etnológicas que estabeleceram que, em tempos os mais remotos, junto a todos os povos, a família era monogâmica.
Quiseram provar o contrário em nome da ciência. Reconhecemos, dizem alguns, que a monogamia é realmente a forma mais perfeita do matrimônio, mas não é a sua forma primitiva. A monogamia é unicamente o resultado de uma longa evolução cultural. Ora, atualmente, esta absolutamente provado que a verdade é precisamente o contrário, isto é, que a monogamia foi entre todos os povos a forma a mais antiga do casamento, e que a poligamia e a poliandria são deformações posteriores. Muito justa e admirável a observação do filósofo Wundt: "Não foi a civilização que criou a monogamia, ao contrário, a monogamia é que foi a base e a condição preliminar da civilização".
A monogamia, pois, não pode ser suprimida, porque é a expressão da vontade de Deus.

B - não se pode mais aboli-la, porque a monogamia é, ao mesmo tempo, um elemento indispensável da verdadeira civilização.
a - A vida social não se realiza sem certas forças e certos valores morais, como por exemplo: o sentimento da responsabilidade, o domínio de si, a indulgência para com os outros, o espirito de renúncia e de sacrifício...etc. Estes são os fatores culturais, sempre indispensáveis à sociedade humana, qualquer que seja a mudança de organização que aí intervenha. A melhor forma matrimonial será, pois, a que mais assegurar a estabilidade destes valores culturais e destes fatores sociais.
Ora, não se pode duvidar que é precisamente o matrimônio monogâmico que os assegura. E ele obtêm este resultado, disciplinando os instintos do individuo, tornando-se a base simbolo da ordem social. A vida familiar bem ordenada é o mais forte sustentáculo de uma vida pública pacifica, e a garantia do desenvolvimento normal da cultura humana.
b - É imenso o horizonte que se vislumbra, quando se trata de conservar ou abolir a monogamia. Para os que refletem, de fato, não há mais dúvida hoje que a propaganda insensata levantada em nossos dias contra a forma cristã do matrimônio, não é senão uma parte, uma manifestação da grande luta decisiva a que se entregam os inimigos da sociedade contra toda ordem social. Os partidários do divórcio talvez não compreendam eles mesmos que sua exigência não é senão uma  parte de bolchevismo espiritual, que com suas tendências destrutivas tem por finalidade a ruína de toda ordem social, e da paz da humanidade. 
A família só pode ser pela monogamia o que deve ser, isto é, uma célula de vida social. É a família monogâmica que educa no homem as virtudes sociais: responsabilidade, cooperação, disciplina e indulgência pelo próximo; a necessária maturidade da alma, e o espírito de reflexão exigem a firmeza e a estabilidade do casamento.
O homem deixa-se facilmente levar pelo desejo de julgar toda a sua vida terrestre, suas obrigações e seus deveres, unicamente em relação aos próprios prazeres. Goethe, porém, tinha razão quando afirmava: "gozar envilece". Sobretudo quando não se vê outra coisa da união humana, a mais santa e profunda, o casamento, senão um contrato de duração limitada em vista dos prazeres recíprocos. 
Quando Nosso Senhor Jesus Cristo, em termos decisivos que não deixam dúvida, restabeleceu a monogamia (Mt 19, 4 - 6) e promulgou as leis do matrimônio cristão, realizou ao mesmo tempo uma reforma cultural imensa.
c - Foi, também, a restauração da dignidade da mulher. A igualdade da mulher com o homem e o respeito à mulher subsistem ou desaparecem, com o casamento monogâmico. Com a poligamia desaparece a dignidade da mulher. Deveriam elas pensar muito nisto, elas que, por leviandade, inclinam-se pelo divórcio, pelo novo casamento, isto é, pela poligamia porque o divórcio e o novo casamento nada mais são que uma poligamia, uma poligamia praticada não ao mesmo tempo, mas sucessivamente.
Um homem e uma mulher, eis o ideal cristão. Pois só estas duas partes podem dar ao matrimônio uma afeição, uma vida e ambições intactas e completas. O dom de si, no casamento, deve ser tão nobre e íntimo, tão total e confiante, que só pode ser realizado  entre duas pessoas. Há uma só alma que o possa dar e uma só alma para o receber.

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