7 de julho de 2013

SÉTIMO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES

Frutos do protestantismo

O Evangelho quadra admiravelmente com a continuação da doutrina que estamos expondo, refutando os erros protestantes.

O Salvador nos adverte de desconfiar dos falsos profetas que vêm a nós cobertos de peles de ovelhas, mas que, por dentro, são lobos devoradores.

E para podermos distinguir estes lobos vestidos, de modo diverso, o divino Mestre nos dá esta regra de discernimento: Pelos frutos os conhecereis.

Estudando os característicos da Igreja Católica, vemos que os seus frutos são: a unidade e a santidade.

A verdade, de fato, é uma só e a verdade divina é necessariamente uma semente de santidade.

Apliquemos esta regra à heresia protestante, provando que lhe falta completamente:

1. A unidade de ensino;
2 A santidade de vida.

Estes dois característicos da Igreja verdadeira são, ao mesmo tempo, dois frutos da verdadeira Igreja, os quais a distinguem das Igrejas humanas.

I. A unidade de ensino

Já vimos precedentemente como a unidade caracteriza a Igreja Católica: unidade de fé, de sacramentos e de governo.

O protestantismo que está sempre em oposição à Igreja, está consentâneo com seu princípio e forma uma balbúrdia em sua fé, nos sacramentos e no seu governo.

Em sua fé: desde a origem, o protestantismo varia constantemente e em todos os pontos da sua doutrina: O principio destruidor está em sua essência.

Eles podem dizer, escreveu já o ímpio Rousseau, o que não crêem, mas são incapazes de dizer o que crêem. O racionalismo, destruidor de toda revelação, invadiu até o âmago a seita protestante, ao ponto que no dizer de um bispo anglicano, pode resumir-se o protestantismo nestas palavras: “Creio em mim e protesto contra a Igreja Católica”.

Eis um trecho de um relatório protestante publicado pelo pastor Steeg (1).

“Este nome de protestantes, comum a tão grande número de homens, abriga muitas diversidades... Elas subsistem no mesmo país, na mesma cidade, na mesma rua... Pode-se afirmar altamente que não há um só ponto de doutrina admitido por alguns que não seja rejeitado por outros, submetido às interpretações mais opostas”.

Esse texto foi lido perante 80 pastores reunidos em Paris e não foi contestado por nenhum.

Um homem fica protestante logo que deixa de acreditar na Trindade, na Redenção; e menos ele crê, mais ele é protestante, ao ponto que o melhor e mais forte protestante é aquele que não admite mais nada.

Isto prova que o protestantismo é a escola autêntica da indiferença e do ateísmo prático.

Na Holanda, houve 1500 pastores sobre 1800 que aderiram publicamente à “vida de Jesus” por Renan, negando a divindade de Jesus Cristo.

Numa reunião geral, convocada em Genebra em 1866, não puderam os seus delegados entrar em acordo sobre três artigos fundamentais e a própria divindade de Jesus Cristo desapareceu da fórmula e da aliança evangélica.

O protestantismo tem somente este símbolo de fé: quot capita tot sensus! Tantas opiniões quanto cabeças.

Quanto à unidade de governo, nem vale a pena falar: nunca existiu e não pode existir.

Contam-se hoje 888 seitas principais e independentes umas das outras, não tendo outra ligação entre si, senão o seu ódio à Igreja Católica.

Os Consistórios ou sínodos protestantes não se ocupam senão em determinar o temporal, os dízimos, a subvenção do pastor, a propaganda de bíblias e quando querem tocar no dogma ou na disciplina, são detidos em toda parte, por oposições absolutas.

Falta-lhes, por completo, com a autoridade de um só chefe que manda, a união dos espíritos que procuram somente a verdade e toda a verdade.

Os pobres protestantes estão longe do desejo de Nosso Senhor: Serão um só rebanho e um só pastor.

Esta desunião, discórdia e muitas vezes oposição radical no ensino fundamental é o primeiro fruto da sua heresia e por este fruto pode-se conhecer o valor da seita fundada por Lutero, Calvino, Knox, Leyde e outros inovadores.

Vejamos agora se são mais felizes no terreno da santidade.

II. Santidade de vida

A santidade, numa religião, deve mostrar-se na pessoa de seu chefe, na moral, na doutrina, no culto e numa parte de seus filhos.

Já vimos como esta santidade resplandece não só na pessoa de Jesus Cristo, único fundador da Igreja, nos Apóstolos, seus primeiros chefes, nos Papas, dos quais um grande número são Santos canonizados e todos eles são homens de virtude extraordinária, como se pode ver na história imparcial (2) e não nas fábulas inventadas pelos inimigos da Igreja.

A seita protestante nada encontra de santidade em nenhum destes objetos.

Os seus fundadores e chefes são todos homens libertinos, exploradores, como são Lutero, Calvino, Zwinglio, Henrique VIII, Knox, Leyde e outros. Os protestantes mesmos escondem tais fundadores a seus próprios filhos e deles se envergonham (3).

Deus não pode servir-se de tais homens para reformar a religião, caso ela precisasse de reforma, pois seria contrário à sua própria sentença: É pelos seus frutos que os conhecereis. Uma árvore má não pode dar bons frutos.

O protestantismo não é santo em sua moral e em sua doutrina que se pode resumir nesta frase de um protestante: A sua doutrina consiste em crer o que se quer, e em fazer o que se crê.

Pecai quanto quiserdes, dizia Calvino, desde que tendes a fé, não podeis separar-vos de Deus!
Pode-se dizer que a vida dos protestantes é melhor do que os seus princípios.

O culto protestante não é santo tão pouco: os protestantes querem ir ao céu, mas suprimem os meios que os levariam para o céu: mortificação, invocação dos Santos, culto de Maria Santíssima e os Sacramentos.

Esta santidade deve manifestar-se ainda e de modo visível na pessoa de uma parte de seus filhos. A Igreja Católica possui seus milhares e milhares de virgens, confessores, mártires, homens heróicos pela virtude e pelas obras, que depois da morte passam, como dizia Santa Terezinha, o céu a fazer o bem sobre a terra, pelos milagres que operam e os benefícios que espargem a flux sobre os homens que os invocam.

O protestantismo é de uma esterilidade espantosa. Em seu seio não se levantou nem um homem extraordinário, nem uma irmã de caridade, nem um pastor virgem, nem um mártir, nem um herói na prática do dever e da justiça.

Pode haver, aqui e acolá, protestantes bons, honestos, até virtuosos, porém isto se dá não por serem protestantes, mas não obstante serem protestantes. Contudo, nenhum deles chegou a elevar-se ao heroísmo, ao sublime da abnegação e do amor de Deus.

O protestantismo tem pastores, missionários, porém, tal apostolado não se faz por amor de Deus e zelo das almas, mas por interesse, orgulho ou despeito.

O protestantismo, para os seus chefes, é antes de tudo um meio de vida: nada mais.

As missões são um meio de adquirir popularidade e de viver bem sossegado e confortável em países longínquos, com pingues remunerações e longe dos olhos dos que os sustentam.

III. Conclusão

Pelos frutos as conhecereis, disse o Mestre divino.

Acabamos de apreciar os frutos do protestantismo. Estes frutos são a desunião, a balbúrdia em sua doutrina, que os divide em centenas de seitas, guerreando-se umas às outras.

Este primeiro fruto é completamente oposto à prece de Nosso Senhor que pedira a seu Pai que seus filhos fossem um: Que sejam um, meu Pai, como nós somos um! (Joan. XVII. 22) e que desejava que todos formassem um único rebanho e um único Pastor. (Joan. X. 16)

O primeiro Fruto é mau; logo a árvore do protestantismo é má.

Quanto ao segundo fruto, é pior ainda e mais visível. Desde Lutero até a fundação da última seita protestante, houve talvez uns 800 e tantos fundadores de seitas. Nenhum deles foi homem de virtude, mas na grande maioria uns deles foram libertinos, outros orgulhosos, outros histéricos, uns visionários, outros exploradores e até verdadeiros comunistas.

Falta a santidade nos fundadores, falta a santidade na moral e na doutrina e em conseqüência, isto falta também nos aderentes da seita.

Nenhum santo podem apresentar-nos; nenhum homem que tenha feito milagres, predito o futuro, ressuscitado mortos; nenhuma virgem por amor de Cristo, nenhum pastor casto por amor de Deus, nenhuma Irmã de Caridade, nenhum mártir, nenhum homem extraordinário pela virtude ou pelas obras. É esterilidade horrenda, a ausência completa de santidade.

Logo, o protestantismo não é santo, e não pode ser a religião santa de Jesus Cristo.

É, pois, uma seita humana, herética, incapaz de levar as almas para o Céu.

EXEMPLOS

1. Cavar mais fundo

Um embaixador francês na Inglaterra, tendo escapado de uma moléstia grave, um protestante perguntou-lhe se não teria ficado triste de morrer e de ser sepultado no meio dos protestantes.

- Não, respondeu este, teria apenas ordenado que cavassem meu túmulo mais fundo e me teria encontrado no meio de Católicos.

Um protestante que se faz Católico volta à religião de seus pais.

2. Palavra de Erasmo

Erasmo era um holandês de muito bom senso, que pulverizava o protestantismo com suas sentenças curtas e judiciosas: Mostrai-me um único homem que se tornou mais sóbrio e mais casto pela reforma, diz ele, e eu vos mostrarei cem que se tornaram muito piores do que antes.

3. De S. Jerônimo

Somente as ovelhas sarnentas se afastam do rebanho e deixam-se devorar pelos lobos.

4. De Melanchton

Melanchton era companheiro inseparável de Lutero; abraçou a reforma, vivendo em contínuas dúvidas. Ele escreve: “Ó Elba, com todas as suas águas não pôde fornecer bastantes lágrimas para chorar as calamidades que a reforma introduziu”.

5. De Lutero

A minha religião é melhor para viver, mas a do Papa é melhor para morrer.

6. De uma senhora católica

A dois ministros protestantes que a convidavam a deixar o Catolicismo, uma senhora de bom senso respondeu: É preciso confessar que os senhores fizeram uma reforma admirável: tiraram o jejum, a Missa, a Confissão, o purgatório. Tirai o inferno e eu serei do vosso número.

7. Gatinhos protestantes

Um camponês apresentou a um pastor dois gatinhos bonitinhos, para que os comprasse, e disse: O Sr. Pastor pode comprá-los; são gatinhos protestantes.

O Pastor não os comprou.

Poucos dias depois o camponês ofereceu-lhes ao vigário do lugar, dizendo: O Sr. Vigário pode comprá-los; são gatinhos católicos.

- Mas como é isso? Perguntou o Vigário: a semana passada eram protestantes e agora são católicos.

-Perfeitamente, Sr. Padre, é que na semana passada tinham ainda os olhos fechados, agora porém, tendo-os abertos, já enxergam.

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1) Publicado no jornal protestante: “O discípulo de Cristo -15 de Maio de 1867.
2) Cf. o nosso livro: “O Cristo, o Papa e a Igreja”.
3) Cf. o nosso livro: “O diabo, Lutero e o protestantismo”.

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(MARIA, P. Júlio. Comentário Apologético do Evangelho Dominical. O Lutador, 1940, p. 278 – 286)

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