23 de junho de 2013

QUINTO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES.

O erro protestante

O Evangelho começa com uma solene afirmação da necessidade da justiça e com a condenação dos fariseus:

Se a vossa justiça não exceder à dos escribas e fariseus, diz o Salvador, não entrareis no reino dos céus!

Tal justiça farisaica era toda de aparência.

Evitavam os fariseus cuidadosamente tudo o que podia desacreditá-los aos olhos dos homens, mas não davam importância ao interior que só Deus enxerga.

Assim fazem também as seitas religiosas falsas, fazem consistir a sua religião em certas práticas exteriores e não se preocupam com o interior.

Entre estas seitas apresenta-se em primeiro lugar o protestantismo.

Depois de termos estudado os quatro principais distintivos da Igreja verdadeira, e em conseqüência, da religião verdadeira, será útil verificar que nenhuma das seitas religiosas humanas possui tais característicos.

Falemos do erro mais espalhado, ou melhor, dos milhares de erros englobados sob o título de protestantismo, averiguando que tal protestantismo, fundado por Lutero, é uma aberração radical contra os princípios básicos da religião.

Vejamos:

1. O que é o protestantismo.
2. Quais são os seus erros básicos.

Basta conhecer estes dois aspectos do protestantismo para se compreender que nada possui dos requisitos de uma religião divina.

I. O que é o protestantismo

Não devia haver no cristianismo senão uma única religião, pois que Jesus Cristo ensinou um único conjunto de doutrinas e estabeleceu uma única autoridade, porém espíritos irrequietos, levados pelo orgulho ou arrastados pela sensualidade, achavam certas verdades difíceis de crer e penosas de praticar, por isso procuravam adaptá-las às suas paixões, negando-as ou desnaturando-as.

É a origem das seitas heréticas entre as quais a principal é o protestantismo.

A igreja protestante foi fundada por Martinho Lutero, monge apóstata, de um orgulho sem medida e de uma sensualidade sem barreira.

Foi em 1517 que o herege separou uma parte da Alemanha da Igreja Católica.

Pouco depois, em 1532, Calvino fez na França o que Lutero havia feito na Alemanha.

Os discípulos destes dois hereges, ambos de vida escandalosa e devassa, chamam-se protestantes, porque protestaram contra a autoridade da Igreja.

O nome de reformados lhes foi dado em alusão à pretensa missão que Lutero e Calvino se arrogaram, de reformarem a Igreja de Jesus Cristo.

Um protestante é, pois, um cristão que protesta contra as doutrinas e práticas da Igreja Católica.

É a sua definição essencial: É uma aversão comum à doutrina Católica, ou ainda: É a doutrina Católica hostilizada, ou ainda: É uma negação de tudo o que afirma a Igreja Católica.

Eis três definições exatas da essência do protestantismo.

Quando a Igreja Católica diz: Sim; o protestantismo retruca: não. Quando Ela diz: Não; o protestantismo brada: sim.

Esta mania de protestar fez dizer a um bispo protestante com uma sinceridade um tanto brutal, porém, clara: O protestantismo é a abjuração do papismo.

O celebre De Maistre, tem uma frase profunda neste mesmo sentido: O protestantismo, diz ele, conserva apenas o mesmo nome, mudando continuadamente a sua fé, porque, seu nome sendo puramente negativo e exprimindo apenas a renúncia ao Catolicismo, menos ele acredita, mais ele protesta e melhor protestante ele é. (Do Papa L. IV. C. 5)

Protestar é, pois, da essência do protestantismo.

“No dia em que eles deixassem de reformar e protestar, diz Sabatier, professor protestante da faculdade de Paris, no dia em que reconhecessem uma autoridade exterior, como regra e prova de fé, nesse dia deixariam de ser protestantes, nesse momento se suicidariam.”

O protestantismo, como religião não existe, o que existe são protestantes, ou homens que protestam contra a religião Católica e estes homens não têm outra ligação entre eles, senão o protesto comum.

São comunistas na doutrina, como os bolchevistas são comunistas nos bens exteriores.

II. O erro básico

Os erros protestantes são tantos quantas são as verdades que a Igreja Católica ensina.

O protestantismo só acredita em seu protesto contra a Igreja e se fossem sinceros deviam resumir a sua religião nesta frase: “afirmamos tudo o que a Igreja Católica nega; e negamos tudo o que Ela afirma.”

- A Igreja Católica crê que S. Pedro e seus sucessores são os representantes de Cristo na terra.

Os protestantes protestam: não querem chefe.

- A Igreja crê que Jesus Cristo está realmente presente na Eucaristia.

Os protestantes protestam: não admitem a Eucaristia.

- A Igreja crê na pureza imaculada da Mãe de Jesus honrando-a e invocando-a.

Os protestantes protestam: Maria Santíssima é uma mulher como as demais.

- A Igreja crê na confissão, no poder que o sacerdote recebe de Cristo de perdoar os pecados.

Os protestantes não admitem o perdão dos pecados, são uns santinhos.

- A Igreja crê no céu para os justos, no inferno para os maus e no purgatório para aqueles que têm de expiar ainda umas faltas.

Os protestantes protestam: o céu é para eles só; o inferno para os Romanos e o purgatório não existe.

- A Igreja crê na intercessão dos santos, no culto dos finados, na união entre os vivos e os mortos.

Os protestantes protestam: não há santos; os mortos devem ficar esquecidos e nada há de comum entre os vivos e os mortos.

- A Igreja crê nos sete sacramentos, no poder da oração, no valor das boas obras, nas indulgências concebidas para o bem das almas.

Os protestantes protestam: não há sacramentos, a oração não tem valor, só valem os cânticos; o homem não deve fazer boas obras e as indulgências são uma invenção do demônio.

- A Igreja crê na Bíblia como um livro divino, exigindo uma interpretação autêntica, feita por uma autoridade legítima.

Os protestantes protestam, considerando a Bíblia toda humana, a qual interpretam humanamente e que se adapta ao sabor de cada um.

- A Igreja crê na tradição, ou palavra pregada por Nosso Senhor e os Apóstolos e não escrita.

O protestantismo só aceita a palavra escrita que torce a seu talante e faz dizer o que ele quer.

III. Conclusão

Tal é o protestantismo: é uma continua oposição à Igreja; um parasita do Catolicismo; só vive pela negação e da negação.

A Igreja Católica tem um ensino positivo: o protestantismo é a sua negação.

A Igreja Católica é o sol luminoso e resplandecente do dia; o protestantismo constitui as trevas da noite.

A Igreja Católica é uma instituição divina, harmoniosa, hierárquica; o protestantismo é a desordem, a revolta, a balbúrdia.

A Igreja Católica é a árvore frondosa, em cujos ramos as aves do céu, que são os Santos, se aninham; o protestantismo é o parasita que chupa a seiva do tronco e dos galhos, para esterilizá-los.

A Igreja Católica é a ponte que liga a terra ao céu, onde os homens devem passar, para da terra subirem ao céu.

O protestantismo é o abismo horrendo, que passa por baixo da ponte, onde se precipitam aqueles que desprezam a ponte.

Para terminar, resumamos tudo em duas palavras.

A Igreja Católica é a obra de Deus, fundada por Deus, sustentada por Deus, inspirada por Deus, fazendo as obras de Deus.

O protestantismo é obra de Lutero, Calvino, Knox, Leyde e outros hereges, cada um mais triste que o outro; obra inspirada pelo orgulho e a libertinagem, sustentada pela teimosia e o interesse, fazendo obras de revolta e destruição. Vós os conhecereis pelos seus frutos, profetizou o divino Mestres (Math. VII. 20).

Para retomar o versículo do Evangelho, por onde começamos, pode-se dizer que o protestantismo é a justiça dos fariseus e estes não entrarão no reino dos Céus.

EXEMPLOS

1. Lutero e Catarina

Uma tarde Lutero passeava no seu jardim com a sua amásia Catarina de Bora.

As estrelas brilhavam com extraordinário fulgor: o céu parecia em festa.

- Vês como brilham estas estrelas, disse Catarina, apontando para o firmamento, como é belo lá em cima!

Lutero, levantado os olhos, exclamou com um riso zombeteiro:

- Oh! Deslumbrante iluminação!... mas... infelizmente não é para nós!

- E por que? Replicou Catarina, seríamos, por acaso, deserdados do reino do céu?

Lutero suspirou tristemente, impressionado por esta pergunta, e respondeu:

- Talvez, em castigo de termos abandonado o nosso estado.

- Seria bom, então, voltar para ele? Perguntou Catarina.

- É muito tarde, o carro está por demais atolado, respondeu o herege, mudando de conversa.

Que confissão dolorosa, porém, clara!

2. O medo de Lutero

Conta-se na vida de Lutero o seguinte:

Uma noite estava sentado ao lado da sua amásia Catarina, esquentando as mãos ao fogão da sala. Parecia taciturno, contrariado.

De repente, pegando pelo pulso o braço da companheira, introduziu-lhe a mão violentamente no meio das chamas.

Catarina soltou um grito...

- Que tens, mulher? Disse Lutero, sombrio, que tens?! Temos que nos acostumar ao fogo, pois é o que nos espera no outro mundo!

Vê-se neste fato, que o fundador do protestantismo não acreditava em sua reforma; nem podia acreditar, pois ele sabia que tudo era o fruto da revolta.

Naqueles momentos de lucidez, não podia impor silêncio à sua consciência e, mau grado seu, revoltada contra si mesma, ela proclamava a única verdade.

3. Confissão de Melanchton

Melanchton era companheiro inseparável de Lutero. A seu próprio convite, sua mãe se fizera protestante, porém, sem convicção.

Caiu, doente e sentiu a morte aproximar-se. Chamou o filho, que a amava sinceramente. Juntando as mãos, a velhinha perguntou suplicante a Melanchton: “Meu filho, como sabes eu abjurei o Catolicismo para lhe agradar, mas sinto-me perturbada; seja sincero, agora que estou para morrer, e diga-me, se é melhor morrer como protestante ou voltar atrás e morrer como católica!”

O apóstata não hesitou.

- Minha mãe, disse ele, inclinando a cabeça, não posso enganá-la: O protestantismo é talvez melhor para viver, mas o catolicismo é melhor para morrer.

E Melanchton mandou chamar um Padre católico para dar os últimos Sacramentos à sua mãe moribunda. (1)

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1) Cf. o nosso livro: “O diabo, Lutero e o protestantismo”

(MARIA, P. Júlio. Comentário Apologético do Evangelho Dominical. O Lutador, 1940, p. 260 – 268)

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